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Inverno 1954




 Inverno 1954

Corres entre esta chuva que teima em estagnar. 
Os teus olhos azuis são abrilhantados pelo luar que se faz sentir nesta feia noite de Inverno. 
Corres para mim e tocas o teu nariz gelado na minha testa, sinto-te a tremer e abraço-te com todo o meu calor. 
Sei que não te quero deixar assim, sei até que por dentro quero soltar mais lágrimas que tu. 
Inundas-me a alma quando me olhas nos olhos com esse olhar de sempre. 
Quero-te abraçar com mais força mas não me sinto capaz, sinto-te a cair e agarro-te. 
Quando mais uma vez abres os olhos e olhas para mim, sinto a necessidade de te beijar. 
Esta madrugada teima em terminar, enquanto que a chuva parece cair com mais força, o meu desespero intensifica-se e eu só quero fugir dali, mas morro se te deixar. 
Peço-te desculpa e tu corres entre possas e faróis de carros que vão por ali passando. 
Percebi então que a vida são dois dias, e que no principio tudo parece uma caminhada sem fim mas vejo que quando estamos nesse mesmo fim já nem nos lembramos do principio.